sexta-feira, dezembro 16, 2005

De Nick Hornby à NME


"Talvez a descartabilidade seja um sinal de maturidade da música pop (não-erudita), um reconhecimento de suas limitações, em vez do contrário" (Nick Hornby)



Pois bem ... nunca li nenhum livro do Nick (se liga na intimidade, rs) mas vou ler.

Meu interesse pelo que esse escritor inglês, morador da Zona Norte de Londres, escreve veio após assistir Alta Fidelidade (High Fidelity, 2000 - Stephen Frears), filme adaptação do livro de Nick que leva o mesmo título.

O filme é uma comédia(??)-romântica que conta a história de Rob (Jonh Cussack) dono de uma loja de discos que a todo momento narra/lamenta, em primeira pessoa, suas experiências afetivas, ao mesmo tempo que tenta entender porque seus relacionamentos não duram. Tudo isso recheado de metáforas musicais, "piadas" inteligentes e TOP 5's de tudo.

Sinceramente não sei se recomendo o filme pq confesso: acho que só eu (dentre os meus amigos que assistiram comigo) gostei tanto assim dele (rs).

Achei na internet uma crítica de Diego Sapia Maia (cinepop.com.br) sobre o filme, na qual o crítico comenta a atuação de Jonh Cussack:

"Acho que falar sobre a atuação de Jonh Cusack é repetir o que os outros dizem. É perfeita, Cusack consegue dar profundidade e carisma ao personagem. O público masculino se identifica com ele imediatamente. A atuação de Jack Black também é outro ponto a ser comentado. Seu personagem é hilariante, é um vedadeiro nerd obcecado por rock. As tiradas dele são sensacionais. Suas discussões com os fregueses da loja de Rob são hilariantes. Vale ressaltar a cena onde ele se apresenta com sua banda, no final"

Talves esteja aí a minha identificação com o filme...

Mas voltando a Nick Hornby, li algumas considerações interessantes a respeito dele, das quais destaquei a do site Omelete:



Um cara chamado Nick Hornby
Por Daigoro
20/6/2002


Senta que lá vem história. (engraçado que a pouco tempo comecei um post assim, rs)

Ler um bom livro, para alguns, é algo tão esotérico quanto se orientar pelas estrelas em alto mar ou decifrar códigos de mutação genética em artigos científicos. Há quem veja o sujeito que lê como uma espécie de semi-deus nerd, com o dom de se manter atento numa página sem figuras por mais de doze segundos e incapaz de pensar ou fazer qualquer outra coisa. Mal se recordam, ou melhor, mal desconfiam que a literatura é, em tese, a mais pop das artes; aquela que se avalia pela absorção que provoca e não pela masturbação estética de que quem a pariu. Talvez só a música chegue perto das letras neste quesito, tendo se popularizado em escala astronômica no último século.

Certo, mas e quanto aos livros? Existiria alguma maneira de se trazer o povão (o pop) para a leitura sem o consumidor se sentir um alienígena encarando um calhamaço de papel na fila do banco?

Para tanto, teríamos de contar com um escritor talentoso, capaz de escrever histórias empolgantes e grudentas, versado na linguagem do vulgo sem cair no chulo, apto em retratar sentimentos profundos sem parecer colunista das Cartas do Fórum e dotado ainda dos meios de vincular sua temática ao leitor.

Pois Nick Hornby é este homem.

Descontando-se aí Como ser legal, que não li mas que já foi devidamente enquadrado pelo faixa Borgo (leia aqui a resenha), sua obra pregressa preenche todos os pré-requisitos para ser a redentora da literatura pop, aquela capaz de trazer as pessoas de volta ao mundo de Dante, Orwell, Hemingway, Bukowski e Gibson. Com um porém... a exemplo da música, paixão confessa do escritor britânico, na literatura, não há salvadores ou algo do gênero, mas apenas obras de qualidade esperando que o vulgo as descubra.

Hornby consegue algo que, de tão simples, parece ridículo. Constrói personagens simpáticas, situações comoventes e/ou divertidas e ainda trata do prosaico com uma dose cavalar de beleza e poesia. Garante isso, fazendo-se de protagonista ao declarar amor ao futebol e ao seu clube de coração, o Arsenal, no seu primeiro, Febre de bola; usando um guri deslocado e um homem agurizado ao abordar os males da sociedade moderna no segundinho, Um grande garoto (que está virou filme com o marido da peit... Ops... bela Liz Hurley, Hugh Grant); ou, enfim, empregando um alter ego melômano (tarado por música) que age como um Peter Pan no excepcional Alta fidelidade (filmão com John Cussack).

Nada disso, porém, vem ao caso.

O que realmente importa é que o sujeito consegue atrair o leitor para a história, gruda-lo nas páginas em preto e branco e deixá-lo com um semi-sorriso e uma lágrima furtiva (cisco no olho?) enquanto durar a leitura.

E seus méritos não param por aí: faz-se respeitar academicamente, com textos impecáveis do ponto de vista técnico e estilístico.

É ou não é bacana?


Enfim... serviu como boa dica pra mim, espero que também para as (repito) pouquíssimas almas que entram neste sofrido (rs) blog (Até qdo vou ter que dizer isso? neh Bruno e Déborah?). E ainda! para as pouqíssimas almas que admiram ler um bom livro (caso contrário desconsidere a dica, rs)

E mais uma vez voltando ao filme Alta Fidelidade. Dezembro! É hora das retrospectivas e dos TOP lists de TUDO o que se pode imaginar. Confesso que AMO Top Lists (Tah aí mais um motivo pra entender minha identificação com o filme)

Como prometido em posts passados, termino com a lista dos 50 melhores álbuns segundo e semanário inglês NME (New Music Express). Destaquei alguns de minha preferência, até porque nunca ouvi a maioria dos álbuns da lista.

1 Bloc Party - "Silent Alarm"
2 Arcade Fire - "Funeral" (na verdade acho bem chato esse aqui)
3 Franz Ferdinand - "You Could Have It So Much Better"
4 Antony & The Johnsons - "I Am a Bird Now"
5 Kaiser Chiefs - "Employment"
6 The White Stripes - "Get Behind Me Satan"
7 Sufjan Stevens - "Illinoise"
8 Kanye West - "Late Registration"
9 Babyshambles - "Down In Albion" (ainda não ouvi masme falaram que é muito bom)
10 Gorillaz - "Demon Days"
11 The Cribs - "The New Fellas"
12 Devendra Banhart - "Cripple Crow"
13 The Rakes - "Capture/Release"
14 Dungen - "Ta Det Lungt"
15 Maximo Park - "A Certain Trigger"
16 British Sea Power - "Open Season"
17 The Magic Numbers - "The Magic Numbers"
18 Art Brut - "Bang, Bang Rock'n'Roll"
19 Coldplay - "X&Y"
20 Editors - "The Back Room"
21 LCD Soundsystem - "LCD Soundsystem"
22 Raveonettes - "Pretty In Black"
23 Hard-Fi - "Stars of CCTV"
24 Oasis - "Don't Believe The Truth"
25 MIA - "Arular"
26 Super Furry Animals - "Love Kraft"
27 Kate Bush - "Aerial"
28 Absentee - "Donkey Stock"
29 Madonna - "Confessions on A Dance Floor" (Sinceramente não merece estar na lista)
30 Doves - "Some Cities"
31 Bright Eyes - "I'm Wide Awake It's Morning"
32 Queens Of The Stone Age - "Lullabies To Paralyze" (Demais mesmo!)
33 We Are Scientists - "With Love and Squalor"
34 Rufus Wainwright - "Want Two"
35 Elbow - "Leaders Of The Free World"
36 The Bravery - "The Bravery"
37 Circulus - "Lick On The Tip Of An Envelope"
38 Autolux - "Future Perfect"
39 Vitalic - "OK Cowboy"
40 The Brakes - "The Brakes"
41 Nine Black Alps - "Everything Is"
42 Sigur Ros - "Takk"
43 The Engineers - "The Engineers"
44 Field Music - "Field Music"
45 Shout Out Louds - "Howl Howl Gaff Gaff"
46 The Duke Spirit - "Cuts Across The Land"
47 Sleater-Kinney - "The Woods"
48 Ladytron - "The Witching Hour"
49 Dead Meadow - "Feathers"
50 Test Icicles - "For Screening Purposes Only"


Veja abaixo os artistas que encabeçaram a listagem de melhores do ano da revista "NME" nos últimos 10 anos:
2004 - Franz Ferdinand
2003 - The White Stripes
2002 - Coldplay
2001 - The Strokes
2000 - Queens Of The Stone Age
1999 - The Flaming Lips (Vieram no "Claro que é Rock" esse ano lembra?)
1998 - Mercury Rev
1997 - Spiritualized
1996 - Beck (Falto o novo dele na lista desse ano, no lugar do da Madonna talves)
1995 - Tricky



Abraço grande! e uma boa semana.

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