quarta-feira, setembro 28, 2005


Não cai bem abusar da metáfora e dizer que M.I.A (sigla para o termo militar missing in action) é uma tsunami tomando de assalto a música pop. Afinal, Mathangi Arulpragasan tem ascendência cingalesa (seus pais são do Sri Lanka) e tinha ido visitar os parentes no fim de 2004, exatamente quando a série de ondas gigantes passou por cima de boa parte da Ásia. Durante alguns dias, como tantas outras pessoas que estavam na região, M.I.A - a MC/rapper que virou elemento de culto em 2004 - ficou sem comunicação com o resto do mundo. O mesmo mundo que, todos apostavam, estaria aos seus pés em 2005. Felizmente, ao menos para ela, aquilo foi só um susto. M.I.A tinha um outro curso a seguir e outros mares a navegar.

Capa da revista americana Urb, destaque no jornal inglês New Musical Express, presença constante na programação da rádio BBC e em festivais pela América e Europa, M.I.A viu sua carreira decolar de uma forma que jamais poderia pensar. Afinal, sua infância e parte da adolescência foram passadas em constante migração, entre a Inglaterra (onde nasceu), o Sri Lanka e a Índia. Longe do estereótipo da all american girl, representado até a medula por Britney Spears, M.I.A é o retrato perfeito de um novo artista, capaz de romper a frágil barreira do que já foi chamado de world music. Num mundo globalizado, para o bem ou para o mal, essa inglesa de pele morena poderia ser um alvo em potencial para a Scotland Yard em sua desastrada caça a terroristas. Mas a única coisa que M.I.A ameaça explodir é a mesmice das paradas de sucesso.

Menina viu amigos e parentes morrerem por causa de conflitos políticos no Sri Lanka, enquanto o pai, um militante de uma facção separatista no país, se embrenhava selva adentro em busca de esconderijo. Adolescente, já morando novamente em Londres, estudou artes e chegou a trabalhar com o grupo Elastica, fazendo capas e cartazes. Quando foi apresentada a uma bateria eletrônica pela igualmente incendiária Peaches, M.I.A viu a oportunidade de fazer justiça com as próprias rimas.

Não deu outra. Seu primeiro trabalho foi a mixtape Piracy Funds Terrorism Volume 1, produzida pelo companheiro Diplo. Distribuído de forma independente, gratuita e disponível pela internet, o disco mostrava um feroz mix de ragga, rap, bhangra e funk carioca. Esse mesmo recheio foi apurado no seu primeiro disco oficial, o incensado Arular, lançado no começo do ano. Denso, cru, virulento, politizado e dançante, puxado por hits como Galang e Bucky Done Gone (funk carioca), o disco é a cara de sua autora. A cara de uma nova ordem musical, situada ali entre o Primeiro e o Terceiro Mundo.



DISCOGRAFIA
Arular(Interscope Records, 2005)





Confesso, som loco esse! bom kra ...

M.I.A se apresenta dia 23/10 no Tim Festival aki no Rio, mas minha grana só deu pro do Strokes. Quem sabe...

terça-feira, setembro 27, 2005



Eu piro com os clipes do Gorillaz !

FEEL GOOD INC toca bastante na mtv e no multishow. Recomendo a mais recente, DARE (mp3 e vídeo)

It's DARE
It's coming up
It's coming up
It's coming up
It's coming up
It's coming up
It's DARE

It's DARE

You got to press it on you
You just, think it, that's what you do it baby
Hold it down there

quarta-feira, setembro 14, 2005

O sonho morreu


O sonho morreu.
Teria eu acordado então?
Mas acordado de quê?
Do sonho ora!
Sim, mas que sonho?

Muitos deles. Sonhar é preciso, acordar faz parte. Faz parte do sonho, afinal, é quando colocamos os pés no chão pra escovar os exageros e lavar o rosto pra enxergar melhor o dia de verdade.
Quando pequeno eu queria ganhar um pager. Achava “irado” (naquela época ainda não se falava irado, mas enfim).Ganhei o pager mas percebi que aquele modelo era de uma operadora diferente, e não exatamente o que eu queria, porém não fiz desfeita e obviamente me amarrei no que eu chamava de bip, até o dia que pude ter ,gratuitamente graças a uma promoção, o da outra operadora. Depois o bip acabou e eu queria um celular. Ok, não vou me alongar por muito tempo nessa ladainha... Já estou no terceiro modelo de celular (Já até deu defeito! Mas tava na garantia – boa! - não quero trocar por enquanto).
Pode sim parecer idiota comparar desejos matérias com sonhos, mas o processo é o mesmo. Quando um pager ou celular se torna comum para nós ele perde o encanto. Assim são nossos sonhos. Por mais impossíveis que sejam eles podem se tornam realidade sim. Basta olhar para algo que você queria muito há cinco anos e que agora nem se lembra que tem.
Um sonho se realiza, sem que muitas vezes se perceba que se está nele justamente pelo fato de já estarmos em busca de outro sonho. Então de que vale sonhar se quando esse sonho se tornar realidade, este não fará mais tanta graça? O sonho morreu para que outro nascesse. Você não acordou, simplesmente virou pro outro lado.
O problema não está no fator “sonhar ou não sonhar”. Talvez devêssemos aprender a sonhar e a acordar também, mas nunca nos esquecermos de ao escovar os exageros e lavar o rosto lembrarmos do sonho que tivemos, respirar fundo e guardá-lo na lembrança. Você acordou do sonhou (ou pesadelo), precisa sair pra rua e comemorar, porque quando a noite chegar outro sonho virá. Faça esse dia durar muito, assim como o celular que eu ainda não quero trocar (ainda). Cuide do celular e compre uma capa. Tire da capa depois. Ligue bastante até que outro “sonho” (de consumo ou não) venha te consumir durante a noite. Amanhã vamos acordar e outro sonho haverá passado então. Se não acordo, logo estou morto junto com meus sonhos. Desta vez seria em vão. De que vale viver para o futuro se quando o futuro for presente estarás pensando ainda no futuro, e assim por diante? Um conselho: Acorde todos os dias.

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